And now for something completely ours
Na coluna de ontem do DN, Pedro Mexia relembrava a importância que tem, de momento, a vaga de «grandes traduções» para a língua portuguesa que tem chegado nos últimos anos, contrariando a escassez (com todo o respeito pelo esforçado tradutor, muitas vezes meritório conhecedor da língua) de traduções «dignas» de grandes obras de outras línguas. Escusado será dizer que, sem estes novos senhores, a tendência seria (na verdade, continua) para a anglicização da nossa consciência literária clássica.
Conhecer grandes obras em português torna-se hoje possível, graças a imensos esforços, dos quais destaco, pessoalmente, três: João Barrento (do alemão), Filipe Guerra e Nina Guerra (do russo) e Frederico Lourenço (do grego clássico). Provavelmente, sem estes senhores não teriamos Benjamin posto em dia, não teríamos o prazer de conhecer Dostoiévski e Tchékov como se os lêssemos em russo e, sobretudo, magno esforço, não leríamos, de forma alguma, Homero numa aparição tão virtuosa e literária (em vez de, como costume, inertemente literal) na nossa língua.
Por todas estas traduções, os portugueses deviam desfazer-se, cada dia mais, de gratidão por todos estes novos tradutores trabalharem para a nossa sobrevivência intelectual.
[João Silva]
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