segunda-feira, junho 27, 2005

Admirador

Meu caro Joseph Walser, é verdade, já vi que tem pressentimentos, mas evite-os, que os pressentimentos cansam demasiado a inteligência. Vou esclarecê-lo de imediato para que não perca energia desnecessariamente. Caro Walser, nunca se esqueça de que é um dos nossos melhores funcionários. Cresce o respeito à sua volta, apesar dos seus sapatos irresponsáveis. Mas não quero prolongar demais o meu discurso. Caro amigo, caro Joseph Walser, sim: estou a dormir com a sua mulher, e se quer que lhe diga há em mim um entusiasmo relativo. Mas sobre si não tenho dúvidas, e espero também que nunca as tenha. Joseph Walser: sou um seu admirador.

Gonçalo M. Tavares, A máquina de Joseph Walser

[Paulo Ferreira]