domingo, junho 12, 2005

Beleza feminina no Cinema

Em conversas de café, quando se fala sobre actrizes bonitas, há uma enorme tendência para se afastar as actrizes bonitas e competentes (por competentes, entenda-se «que têm jeito para a representação») das actrizes bonitas e incompetentes (por incompetentes, entenda-se «que não têm a mínima inclinação para a coisa»). Com efeito, julgo que essas distinções são injustas e, obviamente, dispensáveis.

Assim como existem vários exemplos de boas actrizes que correspondem aos ideais masculinos de beleza feminina, também existem vários exemplos de mulheres bonitas e vazias, que são convidadas, vá-se lá saber porquê!, para interpretar um papelinho de mulher progressista. Ora vejamos: no primeiro grupo, temos senhoras como Cate Blanchett, Nicole Kidman, Gwyneth Paltrow, Scarlett Johansson, Sarah Jessica Parker, Natascha McElhone e Julianne Moore, que, realmente, sabem representar e, ao mesmo tempo, deleitam o público masculino com a sua beleza; no segundo grupo, temos actrizes como Sharon Stone, Amanda Peet, Keira Knightley (esta ainda vai a tempo de aprender), Christina Ricci e Monica Bellucci (apesar de Malena, esta última também fica neste grupo), que, definitivamente, são portadoras de uma voluptuosidade invulgar, mas que, como actrizes deixam muito a desejar. Porém, ao fazer a distinção entre boas e más actrizes, caio no risco de menorizar outros atributos (físicos) que as hipotéticas actrizes desprovidas de capacidade representativa possam ter. Um exemplo, afirmar a alguém que Sharon Stone é má actriz, pode levar esse alguém a menosprezar todo o erotismo que a senhora demonstra ser possuidora em Casino, de Scorcese. Além disso, o facto de uma mulher bonita ser má actriz, não obriga as pessoas a não gostarem da interpretação/aparição dessa mesma actriz. Quantas não serão as mentes, provavelmente, ocupadas que se dirigem a uma sala de cinema para verem, somente, os lábios de Angelina Jolie? Ou seja, dividir o trigo bom do mau, como fiz acima, só faz com que a mente humana despreze as imensas qualidades de quem foi qualificado de mau. Sei que isso também se pode enquadrar com o mundo da política, mas o universo feminino é uma coisa diferente, mais etérea.

[Paulo Ferreira]