Acções que fazem sentido
«Ana guiava habilmente, divertindo-se a aflorar, com os indicadores automáticos de direcção, as orelhas das crianças que seguiam pelo passeio. Para isso tinha que passar a rasar pela beira do passeio, e arriscava-se, de um momento para o outro, a esfolar a pintura dos pneus, mas lá se ia safando sem uma arranhadela. Infelizmente, vinha a passar uma menina de nove a dez anos, com uns abanos extraordinariamente grandes: o indicador bateu em cheio no lóbulo da orelha e quebrou-se logo. A electricidade começou a pingar em gotas contínuas pela ponta do fio arrancado; o amperímetro baixava de modo inquietante. Rochela sacudiu-o, sem qualquer resultado. A temperatura de combustão diminuiu e o motor enfraqueceu. Ana parou uns metros adiante.»
Boris Vian, O Outono em Pequim
[João Silva]
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