Melancolias II
Gostávamos genuinamente deles, éramos os seus maiores admiradores. Hoje, universitários e «cidadãos do mundo», só os usamos para descomprimir o nosso inchado ego e para comparar notas, estágios, profissões, ver quem chega mais longe. As conversas sem sentido que tínhamos intervalo após intervalo são substituídas por «conversas sérias» e as competições de banalidades deram lugar a competições eruditas e a um upgrade sofisticado e, dizemo-lo para nós próprios, bem-intencionado das conversas de café sobre a vida dos outros.
Num momento lamechas temos saudades de dizer aos nossos amigos aquilo que escrevemos em tempos nos cadernos de dedicatórias, quando partilhávamos os mesmos sonhos e éramos capazes de estar lá sempre. Hoje, acudimos a uma aflição, estamos lá nos grandes acontecimentos, é certo, mas já ninguém vê a amizade como profilaxia mútua dos problemas nem como presença nos pequenos momentos, os das conversas sem sentido.
Num momento lamechas temos saudades de dizer aos nossos amigos aquilo que escrevemos em tempos nos cadernos de dedicatórias, quando partilhávamos os mesmos sonhos e éramos capazes de estar lá sempre. Hoje, acudimos a uma aflição, estamos lá nos grandes acontecimentos, é certo, mas já ninguém vê a amizade como profilaxia mútua dos problemas nem como presença nos pequenos momentos, os das conversas sem sentido.
[Bernardo Sousa de Macedo]
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