terça-feira, fevereiro 15, 2005

As carpideiras

Não sei «enfrentar» a morte. Não sei. Sou cobarde. Por isso, mas também por razões pessoais mais nostálgicas. E, por essas mesmas razoes, respeito o «Fim». No entanto, outra vertente da aceitação me parece um caminho escarpado: as carpideiras. Carpideiras individuais e institucionais. Parece-me uma «ocupação» que perpassa a cúpula estabelecida de respeito pelos outros e respeito pela vida, mas, sobretudo, o respeito pela memória privada. A TVI, entre outras, chegou a um estado tal que nos oferece, perto da hora de almoço, horas e horas de exposição gratuita de uma defunta que se queria respeitavelmente entregue à «saudade» dos crentes. E não ao desfile sentimental à larga escala que se repete agora duas vezes em tão pouco tempo.

[João Silva]