quinta-feira, fevereiro 17, 2005

O negacionista

Nelson Rodrigues dizia que «o artista não pensa, e se pensar é de esquerda».
Pois Pedro Burmester quis, ontem, pensar: «De resto, tivémos três políticos profissionais, bem preparados, Paulo Portas, Francisco Louçã e José Sócrates, e um amador (Santana Lopes), que vive apenas do instinto. Santana Lopes, aliás, já cheirava a passado. Já tinha poucas dívidas em quem ia votar, mas hoje (ontem à noite) ficou tudo mais claro» (os erros de senhor foram mantidos, por respeito à sua integridade intelectual).

Ver Pedro Burmester no Público de ontem a falar sobre o debate (e, inevitavelmente, sobre a campanha) para as próximas eleições legislativas faz-me pensar na posição que todos parecemos ter (ou querer ter) na praça pública. A genialidade está na forma como se dedica uma especial capacidade a uma actividade - e Burmester, na forma como demonstra um monstruoso mas empenhado facciosismo (um «negacionismo artístico») na opinião política, está condenado à mediocridade na música.

[João Silva]