Chimney and Water Tower
Charles Demuth (1883–1935)
Um blog partilhado por João Silva e Paulo Ferreira
De repente, tudo fica escuro. Só se avistam as figuras de uma menina ingénua, de um monge e de um dipsomníaco. Ao passo que o dipsomaníaco tem o coração da menina nas mãos, o monge imita cobardemente os passos de Cyrano de Bergerac. Infelizmente, passado algum tempo , percebo que sou aquele monge envergonhado, medonho, que ensina poesia ao bêbedo. Viro as costas e afundo-me na escuridão. O monge está perdido, como sempre.
Procuramos diariamente algo que nos diga que a espécie humana partilha sentimentos bonitos entre si. Queremos acreditar que nos amamos uns aos outros. Pensamos, até, que pertencemos a uma espécie culta e civilizada. Muitos da nossa espécie humana, repudiam a guerra, a dor alheia, o sofrimento do vizinho e, por conseguinte, repudiam todos aqueles que não se deixam absorver pela ignorância da unanimidade. George W. Bush e, principalmente, o partido a que pertence, o Partido Republicano, são as principais vítimas desta espécie que não compreende que pertence ao violento mundo animal.
Já dizia Alain “Toda a verdade se torna falsa a partir do momento em que nos contentamos com ela” (de memória) e portanto, o homem nunca se contentou com nada. Procurou sempre mais. Inicialmente, o homem teve a religião que lhe acalentava o espírito e lhe proporcionava algumas verdades, depois teve a filosofia, a seguir veio a astronomia e agora temos a ciência. Sempre andámos para a frente e poucas vezes olhamos para trás, com medo que o passado nos mordesse no rabo. É esse o motivo de a história se repetir a ela própria. Até perdermos o medo de olhar para trás ela repetir-se-á sempre novamente.
A beleza, como dizia Nelson Rodrigues, pode ser uma verdadeira profissão. Aprender nas melhores escolas e crescer com os "clássicos" no bolso é importante. Claro que é, mas não para todos. A mulher bonita vale, só pela sua beleza, um emprego no teatro, no cinema e na televisão. Afinal de contas, não precisamos de "Júlias Pinheiros" a filosofar regularmente sobre o nascimento do tremoço, nem precisamos que sejam as apresentadoras a ensinar-nos aquilo que não aprendemos nas escolas. Precisamos é de figuras como Isabel Figueira e Ana Cristina Oliveira. Essas é que nos remetem para o imaginário fantástico do romance, não as apresentadoras supostamente cultas que, por sinal, são bem feias. O que importa se as ninfetas não souberem quem foi Platão ou Camilo Castelo Branco?Nada. Por isso, deixem-nas trabalhar!
Vivemos num eterno marasmo. Procuro, inutilmente, uma conversa delicada no café, na televisão, onde seja. Onde falássemos de religião, de filosofia, de história, política, literatura, cinema, musica ou pintura.
Ao procurar a minha mesa do costume, num canto, encontrei-a já ocupada por um casal que parecia jantar em silêncio. Tive vontade de os incomodar e pedir para saírem. Quis-me parecer que estaria a fazer um favor a um dos dois, ou a ambos. Que não lhes faria diferença. No entanto, não o fiz.
A campanha de John Kerry para as presidenciais americanas constitui uma surpresa constante para quem esperava ver um homem sensato, discreto e inteligente a discursar diariamente sobre os grandes problemas americanos e mundiais. Contudo, a campanha de John Kerry é tudo menos inteligente e sensata.O que se tem visto na campanha de Kerry, é um complexo jogo de emoções, um populismo, alimentado pela, já habitual, expressão: "Temos de salvar a América desta repressão!". É por esse ansiado renascimento do esplendor americano que Kerry tira fotos com fato de surfista. É pela pátria que Hillary Clinton deseja outro futuro para as crianças americanas.
A arte tem muitas facetas. A música é uma delas. Mas nem todos os ouvidos escolhem. Para alguns, a música é mais do que som. Como tal, entra um novo membro, Gonçalo Simões, que abrilhantará este espaço com o seu conhecimento musical, e não só.
Conversemos. De que conversaremos nós? De tudo um pouco. De tudo aquilo que nos aprouver. Que discutamos e que riamos perante as nossas diferenças e semelhanças.
O blog é um vício, mas não o suficiente para ocupar todos os ínfimos momentos do dia. Faltava, talvez, algo mais. Por isso, temos uma nova contribuição para o blog: Tiago Baltazar. Brevemente.
Francisco Sá-Carneiro teve uma grande importância no período pós-marcellista? Claro que teve. Francisco Sá-Carneiro é importante ainda hoje? Claro que é. Ainda hoje as pessoas imaginam um PPD/PSD que seja a imagem de Sá-Carneiro e, mais incrível ainda, ainda hoje há pessoas que se julgam herdeiras naturais de Sá-Carneiro. Mas, infelizmente, Sá-Carneiro morreu e, com ele, morreu uma parte da política portuguesa. Assim sendo, Sá-Carneiro tem de ser deixado no seu canto da História, imperturbável, longe dos novos interesses político-partidários que vão aparecendo.
Uma fotografia persiste na frágil memória do ofídio. Ele, sem dar por nada, morde tudo o que o rodeia. Sente raiva de tudo. Quer espalhar sangue pelos corpos viscosos das suas vitimas. Quer sentir a putrefacção dos cadáveres que vai coleccionando. A fotografia, essa, permanece lá, na memória, escondida, intocável, à espera do ataque do matuto.
Os ratos transpiram de vergonha. Os piolhos adormecem cansados. Os cães babam-se por tudo e por nada. Estão todos juntos, embora não se conheçam. Contudo, todos eles têm algo em comum: vão numa viagem de autocarro.
Na TVI, surge o desejo de cobrir as flashing news: neste caso, um incêndio que deflagrou na Serra da Arrábida. Mas, ao mesmo tempo, vai-se dando início ao jogo entre Benfica e Real Madrid. Numa provação dilemática, os glutões da estação televisiva prestam-se a agradar a toda a gente. Em grande plano, mostram as chamas da Serra e, numa janela um pouco mais pequena, as equipas a entrar em campo no Estádio da Luz.
Ela compreende admiravelmente tudo isto e, ao pensar que estou plenamente consciente da sua intangibilidade, plenamente consciente da inutilidade dos meus desejos, experimenta, sei-o muito bem, um extraordinário prazer. Se assim não fosse, como podia, inteligente e reservada como é, tratar-me com tanta familiaridade e franqueza? Estou convencido de que até agora me encarou tal como essa antiga imperatriz que se despiu diante do escravo por não o considerar um homem...
Durão Barroso foi, finalmente, eleito Presidente da Comissão Europeia. Nada mais previsível, se se tiver em conta que o antigo primeiro-ministro cedo se esforçou por agradar a gregos e a troianos, cedo tentou ser socialista, comunista e liberal ao mesmo tempo. É triste, mas, para uma pessoa chegar a um cargo daqueles tem de se vender a tudo e todos.
Santana tem alguns defeitos: ambição descontrolada; desejo de perdurar na memória; desejo de ser «aceite» pelos portugueses; ânsia de saber o que pensam os outros; auto-confiança por vezes excessiva. Tudo isto num ponto de vista político. Nada mais. Não se pode criticar o homem. Não se pode exigir uma limpidez de vida a todos os políticos. O que fazem depois do horário de expediente é da responsabilidade pessoal (até certo ponto, obviamente). Incluindo aparecer, ou não, em revistas populares.
Nunca gostei de Pedro Santana Lopes. Porém, tenho de avisar os leitores menos atentos que esse "ódio antigo" não se deve ao facto do homem ter fama de mulherengo. Por mim, ele até poderia fazer um filho em cada aldeia que eu nem quereria saber disso. Não. Simplesmente, considero que Pedro Santana Lopes usa, na política, uma arma que não considero muito eficiente: o populismo. O populismo irrita-me bastante e, por conseguinte, Santana Lopes também.
Judite Sousa é daquelas jornalistas que não são minimamente suportáveis. Se é verdade que a senhora já demonstrou o seu profissionalismo ao longo da sua longa carreira, também é verdade que as entrevistas que agora faz não têm nenhuma qualidade. Aquilo que se vê nessas noites de "Grande Entrevista" resume-se a um autêntico marasmo. Nem mais. Mas passemos a um exemplo muito concreto: na semana passada, José Sócrates, como grande entrevistado, passou largas dezenas de minutos a dizer bacoquices, muito por culpa da espantosa ingenuidade de Judite Sousa. O que se viu nessa entrevista foi uma mulher a babar-se por um homem e um homem a falar de abstracções que não querem dizer rigorosamente nada.
Por muitos anos, tentei ser simpático para o mundo. Tentei olhar para ele com um olhar incauto, próprio do imberbe que era. Mas, lá no fundo, sabia que o género humano não me agradava assim tanto. Sabia que o relacionamento com as outras pessoas deixar-me-ia, inevitavelmente, com um aspecto murtuoso. Mesmo assim, continuei a fingir que conseguia integrar-me na multidão. Dancei em ambientes esquisitos, arrotei, gritei, conheci criaturas que não queria conhecer. Enfim, tentei ser humano.
Ao que parece, o líder dos The Who, Pete Townshend, não permitiu que Michael Moore usasse a canção “Won’t Get Fooled Again”, no seu filme Fahrenheit 9/11. Pelos vistos, não devo ser o único a considerar o “anti-bushista” um grande parolo.
Santana Lopes e José Sócrates são a imagem que o povo idealiza para governar o seu país. São homens com muito "glamour" e não se importam de falar de coração aberto ao povo. O povo não poderia estar mais feliz. Há muito tempo que não tinham um D.Pedro IV. Agora, têm dois.
Nos últimos dias, alguns eurodeputados, tais como os suspeitos António Costa e Ilda Figueiredo, têm-se demonstrado muito surpreendidos com a capacidade que Durão Barroso demonstrou ter para se metamorfosear num político diferente. Todavia, Durão Barroso já demonstrou há alguns anos que consegue transformar o seu “eu político” noutro “eu político” mais refinado e quase irreconhecível. É como se tivesse de morrer um Durão velho e fatigado para que nascesse um Durão jovem e combativo.
A bandeira portuguesa chegou para ficar colada na janela poeirenta de cada português. Até portugueses que eu muito estimo caíram na tentação de ter duas ou três bandeiras de três tostões em cada divisão da sua casa. Se uns confessam serem muito nacionalistas, outros inventam as mais miríficas desculpas para explicar a situação. A mais recente desculpa que ouvi foi: “ está ali para tapar o vazio provocado pela ausência da televisão”.
Portugal pode ter elevados índices de analfabetismo. Contudo, apesar de Portugal não se dar muito bem com os livros ou com as livrarias, não deixa de ter os grandes nomes na ponta da lingua.
É a partir desta altura do ano, ou melhor, é a partir do começo do campeonato incendiário, que os grandes nomes da literatura começam a ser divulgados. E os grandes responsáveis por essa divulgação nem sequer sabem quem foi Kafka ou Orwell. Ora, os grandes responsáveis (humanos) são: o Joaquim Marmeleiro que foi pago para atear fogo numa floresta lucrativa, o chefe dos bombeiros e, principalmente, os autarcas que costumam falar emocionadamente para a televisão. Nenhuma destas figuras lê livros. Nenhuma destas figuras sabe qual é o primeiro nome de Kafka. Contudo, todos sabem dizer que "este incêndio é kafkiano".
O PCP nasceu partido de elite. O socialismo operário é, tal como o próprio operário, tardio em Portugal. Como tal, os partidos com «objectivos socialistas» também teriam de ser tardios. Logo, o PCP não nasce dos operários. Quando muito, nasce para eles. Nasce da ideia e obra de alguns intelectuais. No entanto, em Portugal, nasce, ou dá os primeiros passos, na clandestinidade, debaixo de uma ditadura de União Nacional e de Direita, de génese conservadora. E esse é o verdadeiro intento do Partido Comunista Português: lutar contra a ditadura. Derrubar a ditadura estava em causa, mas o objectivo inicial era lutar, lutar para crescer como partido. Só depois, fortalecido, se pensaria em grandes acções.
Just before the 1966 World Cup the England manager Sir Alf Ramsey remarked that his talented midfielder Martin Peters was ‘ten years ahead of his time’. Peters himself was displeased by the observation, but Ramsey was in reality being flattering. He meant that his player was not truly at ease among the clodhopping defenders and midfield ‘hard men’ who set the tone in the 1960s. Peters’s fluid, complex, visionary style anticipated an era that had not yet arrived.
Quando encontro, em algum jornal, a famosa expressão “activistas gays”, não resisto a uma pequena gargalhada. O que me faz rir não é propriamente a existência de homossexuais, já que cada indivíduo tem o direito de fazer as suas escolhas sexuais e afectivas sem ser censurado por quem quer que seja.
"A partir de agora, os pais ingleses vão ter de pensar duas vezes antes de levantarem a mão para bater nos filhos. O Parlamento britânico aprovou na segunda-feira passada, dia 5 de Julho, uma lei que protege as crianças de castigos físicos que provoquem danos morais e físicos de gravidade. A proposta foi apresentada por um deputado liberal-democrata e vai substituir a legislação anterior, que resistiu a dois séculos de vida: a antiga lei remonta ao século XIX e permitia aos pais utilizarem a violência física sobre os filhos desde que não ultrapassassem os limites da “razoabilidade”.
Depois de dois anos de uma frágil e conturbada liderança do Partido Socialista, Ferro Rodrigues sabia que o dia de ontem era importantíssimo para a sua imposição no partido e até no país.
Ontem deixei aqui uma visão muito pessoal sobre Sampaio. Mas, com a decisão por ele tomada, que era a mais previsível de todas, tudo aquilo que disse deixa de ter efeito, já que Sampaio demonstrou ter a sensatez suficiente para se separar das querelas partidárias e demonstrou ainda que o seu repudio por Santana Lopes não é suficiente para o afastar do poder.
Jorge Sampaio sempre tentou ser pouco arbitrário em relação às decisões políticas tomadas pelo governo de Durão Barroso. Porém, com o aparecimento do "Processo Casa Pia", Sampaio não conseguiu esconder as suas amizades e a sua família política, prejudicando a sua imagem de presidente isento. Prova disso são os encontros regulares entre ele e Souto Moura. Mais recentemente, com a crise política inventada pelos Socialistas, Sampaio nunca escondeu a sua preocupação com uma provável ascensão de Santana Lopes ao poder. Diga-se que, o actual Presidente da República já se tinha mostrado preocupado com a hipotética candidatura de Santana a Belém.
O futebol já deixou de fazer parte da mentalidade de todos os portugueses. Pelo menos, a parte da festa rija, isto é, a parte do Euro. Contudo, isso não faz com que alguns políticos, mais preocupados com a forma de pensar popular, deixem de usar a linguagem futebolística nas suas intervenções, cada vez mais, televisivas.
É uma coisa rara e excepcional, mas a verdade é que gostei do artigo que Eduardo Prado Coelho escreveu no "Público" de ontem. Aqui fica um excerto do texto do inquisidor-geral:" (...)Quando vimos na televisão Santana Lopes em pose de Estado, com o cabelo mais cortado e uma indumentária adequada à posição das altas funções que pretende desempenhar, era difícil não sentirmos que estava ali toda uma concepção da política: o que importa é a imagem. Confesso que preferia ver Santana Lopes um pouco mais desportivo e esgrouviado, mantendo ele próprio a continuidade com a sua lenda de habitante da vida mundana. As transformações verificadas mostram que Santana Lopes continua a viver de aparências(...)".
Na edição do "Público" de ontem, pode-se encontrar uma entrevista feita a Richard Holbrooke, possível Secretário de Estado de John Kerry. Nessa entrevista, Holbrooke revela tudo o que as pessoas de bom senso já sabiam. Ou seja, que , com a possível eleição de Kerry, o Iraque continuará a ser uma das prioridades dos Estados Unidos ("Seria uma catástrofe para o Iraque, para a região e para o mundo - incluindo a Europa e Portugal - se as coisas corressem mal e o Iraque se transformasse num centro do terrorismo. Ele [Kerry]não tenciona retirar-se. "); que o apoio a Israel não se põe em causa e que "não há acordo possível com Yasser Arafat".
Tal como o Paulo, já há alguns anos que espero um «salto de fé» de Marques Mendes. Espero, sobretudo, que demonstre a sabedoria de anos e anos na sombra de políticos de renome e a experiência de uma sapiência demonstrada em gabinete e não nas praças e feiras. No entanto, à semelhança de um barco sem comandante, quando «cai» um líder o escolhido nem sempre é o oficial competente, mas o apaziguador das massas, aquele de quem todos gostam porque faz o que sabe, em vez de saber o que faz.
Nunca escondi a minha admiração por Marques Mendes.De facto, sempre o considerei um político de excepção, que deveria assumir um papel relevante na política nacional. Porém, o homem nunca conseguiu assumir esse papel; limitou-se a construir uma carreira de subordinação a outros políticos que, por vezes, são portadores de uma qualidade duvidosa.
Olho distraidamente para a manchete do "Público" e fico absorto ao ver um indivíduo empunhar corajosamente um cartaz da CGTP que dizia :"Governo não eleito coisa sem jeito". É maravilhoso. Já estou a imaginar Carvalho da Silva a chegar a casa e exclamar para a sua esposa :" Bifanas outra vez?Epá, não tem jeito nenhum!"
Portugal passou um mês a festejar a epopeia da Selecção Portuguesa, nada mais natural num país completamente alheado de si próprio. Contudo, não deixa de causar-me incompreensão o facto de só se pensar em futebol. Como é possível que ninguém tenha medo de ser governado por Santana Lopes ou por Ferro Rodrigues? Como é possível que ninguém tenha receio de que as políticas de contenção de Manuela Ferreira Leite tenham sido feitas em vão? Vivemos num país extraordinário, no qual o povo tem de ser espicaçado pelos padeiros do Louçã para saber que algo está mal.
O povo não sabe o que é que esta palavra tão complexa chamada "política" representa para a sua vida. Mas,apesar de a política não fazer parte do quotidiano da vida do povo, ele não deixa de sonhar com o poder, com a vitória do suor e das lágrimas sobre o "elitismo e arrogância" dos políticos. Ora, o Futebol para o povo não é apenas um meio de evasão e de divertimento, é também uma forma de se fazer ouvir para o exterior, uma forma de se elevar aos céus. É por isso que não são surpreendentes os cartazes, divertidos mas maliciosos, que elevam um seleccionador gaúcho a primeiro-ministro. É também por isso que não são muitos os que se surpreendem com facto de Durão Barroso falar para as televisões nos locais destinados aos jogadores e à Comunicação Social.
Ontem, nas ruas, os portugueses festejavam. Portugal perdeu, mas festejou-se. «Por Portugal» e «porque jogámos bem». Concordo, em parte, com o segundo argumento. Mas, «por Portugal», deveríamos pedir muito mais. Títulos em vez de «derrotas com um sorriso». De qualquer forma, jogou-se melhor do que o esperado, e isso tranquiliza as hostes, mesmo quando não há primeiro-ministro. É razão para festejar. Afinal, o que se faria com tanta cerveja no gelo, se não se festejasse a derrota?
Cunhal é, para o exército comunista português, um símbolo. Mais, é uma deidade viva, caminhando entre eles. Salazar fora um ditador. Cunhal, um pouco mais novo, queria sê-lo também. Para tal, enquanto não subia ao poder ou se abriam perspectivas de isso acontecer, ía aplicando o sistema ditatorial no seu próprio partido (sim, o partido, sensivelmente na década de 40, já era dele). O historiador Rui Ramos fala, mesmo, da existência de «duas ditaduras» em Portugal durante o Estado Novo: a de Salazar de um lado, a de Cunhal do outro. Quem viveu naquela altura concorda com isto: para derrubar uma ditadura, tinha de se pertencer a outra. E assim cresceu o PCP.
A partir do momento em que Durão Barroso aceitou o convite para presidir à Comissão Europeia, o PSD deixou de ter condições para dar continuidade a uma série de políticas que tinham em vista a estabilidade social e económica do país. Muito contribuíu para isso a ascensão à liderança do partido por parte de Santana Lopes, já que muitos dos nomes que garantiam o frágil sucesso governativo de Durão, tais como Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes e Teresa Gouveia, abandonaram o Governo, conscientes de que o novo líder partidário é um populista que cedo quererá dar pão ao povo através do seu hábito incurável de fazer obra pública e de abrir cordões à bolsa.Assim sendo, a provável ascensão de Santana Lopes a primeiro-ministro terá de ser vista como uma necessidade cega de continuação a todo o custo de um partido de falsos consensos no poder.
Descobri recentemente, através do Desesperada Esperança , um blog chamado Ene Problemas. Trata-se de uma pequena pérola dentro de uma tão vasta blogosfera. Vale a pena visitá-lo.
Hoje é o dia de todas as emoções, o dia em que os portugueses querem ficar para a História do futebol. É também o dia em que a amizade e a rivalidade vão voltar a fazer sentido. A partir de hoje, o ódio para com determinado vizinho vai regressar; a amizade vai reduzir-se aos amigos de longa data.
ouve-me
Como já disse uma vez, a unanimidade assusta-me. A obscuridade dessa palavra, e desse sentimento, assusta-me profundamente. Sobretudo quando o país, muito mais (importante) do que o PSD, está em crise. O partido, saudavelmente, divide-se quanto à escolha de um sucessor «natural» para o irrequieto ex-Primeiro Ministro Durão Barroso. Depois de muita discussão, muito debate, muita faísca, eis que surge a verdade: escolha de Santana Lopes com 98%. Consenso. Unanimidade.
João Almeida, o líder da Juventude Popular representa o expoente máximo da ausência de valores éticos e morais na política. Ao querer afirmar-se dentro da elite partidária do partido que representa na Assembleia da República, o rapazola apenas demonstra que as juventudes partidárias são uma criação de um aparelho apodrecido que se limita a criar indivíduos graxistas, que não têm nada de novo para oferecer à política.
(...)Coalition forces have made many errors in the post-war running of Iraq, but the handover of sovereignty was not one of them. It was a clever strategy to complete the task in private two days ahead of its advertised date. But there is one reason above all why this week failed to see unrest on the scale that opponents of the war expected, and perhaps secretly hoped for: insurgents have very little to insurge about. The argument that nothing has changed as a result of last Monday’s events and that the Americans will continue to rule the country through a hand-picked figurehead is bunkum. Of course Iyad Allawi is a Coalition appointee rather than a leader that the Iraqis would necessarily choose, but his mandate extends for a mere seven months until next January’s scheduled elections. The only alternative to a period of appointee government would have been for the Americans themselves to have organised the elections: which would have given conspiracy theorists a field day, with or without the complication of hanging chads.
Santana Lopes acaba de ser nomeado líder do PSD. Apesar disso não constituir surpresa para ninguém, não posso deixar de exprimir o meu descontentamento.
"A anomia do PSD na actual crise de liderança é mais um sinal do estado a que chegaram os partidos de poder em Portugal."
As vitória da Selecção Nacional de futebol não deixam ninguém indiferente. Todos os portugueses têm razões para festejar e, também, para ver o seu ego aumentar de dia para dia.
A sua obra, ou o seu Guerilla Warfare(1960), era um guia prático para qualquer jovem revolucionário que aspirasse chegar ao estatuto de mito. Nesse guia, evidenciam-se quatro teses principais:
"Che" Guevara, argentino, marxista e revolucionário, participou na Revolução Cubana de 1959 e serviu esse mesmo regime revolucionário como ministro governamental. Com a intenção de apoiar outras revoluções no Terceiro Mundo, deixou Cuba em 1965.Já em 1967, Guevara lança uma malograda insurreição na Bolívia em 1967, tendo sido capturado e, consequentemente, executado.
No pensamento clássico, a tirania era uma forma degenerada da monarquia, na qual um indivíduo governa em seu próprio interesse. A ausência da chamada "rule of law" é uma das suas características mais salientes. Essa ausência sugere que a governação é feita segundo os caprichos do tirano, que os cidadãos são tratados arbitrariamente e que o uso do terror é sistemático.